Crê-se que não há melhor explicação pastoral e teológica da titularidade de Nossa Senhora das Lágrimas (conforme revelada em Campinas, 1930, à Rvma. Irmã Amália, do que as próprias palavras de São João Paulo II, proferidas em Siracusa, e transcritas abaixo. Isso porque a "Coroa das Lágrimas" é dada por Maria à Ir. Amália com o sorriso de vitória da Mãe Celeste, Corredentora junto ao Nosso Divino Redentor. Porque as indizíveis, incomensuráveis dores da Santa Cruz de Cristo se converteram em Redenção, em Graça, em Misericórdia. O Novo Adão, Nosso Senhor Jesus Cristo, e a Nova Eva, a Santíssima Virgem Maria Imaculada, nos deram tudo: o Sacrátissimo Fruto que é o Coração Misericordiosíssimo de Jesus – este Coração Sagrado perfeitamente unido ao Coração Imaculado de Maria, formando um só Coração, um só Amor, uma só Vontade de glorificar o Pai Eterno na unidade do Espírito Santo.
Discurso de São João Paulo II, na inauguração do Santuário de Nossa Senhora das Lágrimas, em Siracusa, Itália, em 06 de fevereiro de 1994, por meio do qual o Santo Padre explica o sentido das Benditas Lágrimas de Maria.
"O Senhor chorou sobre a cidade de Jerusarém. As Lágrimas de Jesus são expressão do Seu Amor pela cidade santa e de tristeza pelo seu futuro...
Jesus também chorou sobre o túmulo do Seu amigo Lázaro, e os acompanhantes diziam: 'Vejam como Ele o amava...'. O Evangelho fala da comoção de Jesus quando se rejubilava no Espírito Santo: 'Pai, te bendigo... Porque Te revelaste aos pequeninos'.
No cenáculo, Mesus prediz as futuras lágrimas dos apóstolos: 'Chorareis... e o mundo se alegrará. Ficareis tristes, mas vossa tristeza se mudará em alegria'.
Jesus fala da tristeza e da alegria de Sua Igreja.
O Evangelho não fala das Lágrimas de Maria, nem em Belém, nem no Calvário. Mas a intuição da fé nos fala a favor dessas Lágrimas. Maria, chorando de tristeza ou de alegria, é expressão da Igreja que se alegra na noite de Natal, sofre na Sexta-feira Santa aos pés da Cruz e se alegra na Ressureição.
As Lágrimas de Nossa Senhora manifestam-se nas aparições para acompanhar a Igreja em seu peregrinar pelas vias do mundo.
Nossa Senhora chora em La Salette, antes das aparições de Lourdes, quando os cristãos eram perseguidos na França. Chora em Siracusa, no final da Segunda Guerra Mundial.
Entendemos esse pranto no conjunto dos tristes acontecimentos: a terrível hecatombe provocada pela guerra, a matança dos judeus, as ameaças provindas do Leste e do comunismo ateu sobre a Europa.
Nossa Senhora, naquele período (1950), chora em Lublino com a imagem de Nossa Senhora de Czestochowa. Esse fato é pouco conhecido fora da Polônia.
As Lágrimas de Maria pertencem à ordem dos sinais. São o testemunho da presença de Maria na Igreja e no mundo.
A mãe chora quando vê os filhos ameaçados pelo mal espiritual ou físico. Nossa Senhora chora, participando do pranto de Jesus sobre Jerusalém, ou sobre o sepulcro de Lázaro, ou no caminho do Calvário. Lembra também as lágrimas de Pedro, de tristeza e de conversão.
Neste lugar acolhedor chegam todas as pessoas oprimidas pela consciência dos pecados e para experimentar a riqueza da Misericórdia de Deus e do Seu Perdão.
O Santuário de Nossa Senhora das Lágrimas quer lembrar a todos o pranto de Maria. São Lágrimas de tristeza por todos os que rejeitam o amor de Deus, pelas famílias desunidas, pela juventude ameaçada pela civilização consumista e desorientada, pela violência que derrama muito sangue, pelas incompreensões e ódios que criam divisões profundas entre os homens. São Lágrimas de Oração. É a Oração da Mãe que dá força à qualquer outra oração. Ela suplica por todos os que não rezam, atarefados em muitos outros interesses ou totalmente fechados diante dos apelos do Senhor. São Lágrimas de Esperança, que tiram a dureza dos corações, abrindo-os ao encontro de Jesus Ressuscitado, fonte de Luz e de Paz entre as pessoas, as famílias e a sociedade inteira.
Ó, Mãe das Lágrimas! Olhai com bondade materna o sofrimento do mundo, enxugai as lágrimas dos que sofrem, os marginalizados, os desesperados, as vítimas da violência.
Dai-nos lágrimas de arrependimento e de vida nova para abrir o nosso coração diante do Amor misericordioso e regenerador do nosso Deus.
Dai-nos lágrimas de alegria, depois de ter experimentado a profunda ternura do Vosso Coração Imaculado.
As Lágrimas de Maria são a máxima expressão da alegria Pascal!"
(São João Paulo II, Siracusa, Itália, 06 de fevereiro de 1994)
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