quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Notícias de jornal da época de Irmã Amália sobre Nossa Senhora das Lágrimas

Notícias extraídas do arquivo público do jornal Correio Popular, entre 1928 e meados da década de trinta, fazer o download via link abaixo:



segunda-feira, 16 de março de 2015

A Via Sacra do Verdadeiro Amor (conforme revelações privadas à Revma. Ir. Amália de Jesus Flagelado

Esta oração da Via Sacra acompanha também o seu esquema básico tradicional, e traz também as citações bíblicas. 

Rezar a via-sacra é muito fácil e leva apenas alguns minutos. No entanto, poucas pessoas sabem rezá-la. Apresentamos, a seguir, um esquema básico desta linda oração.

 
     



Oração inicial

 
Senhor, concede-me a graça de compartilhar contigo o caminho da cruz, penetrar teus pensamentos e sentimentos: o que pensavas, o que sentias enquanto carregavas a cruz pela humanidade, por mim?  Ajuda-me a compreender um pouco mais do que esta via dolorosa significou para ti. Com a minha pequenez, eu me atrevo a caminhar contigo nestas estações, deixando-me impressionar pela contemplação do teu mistério, buscando teu olhar de dor, de agonia, de morte, de paz.
 
Jaculatória antes e depois de cada estação
 
Antes de cada estação: "Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos porque pela vossa santa cruz remistes o mundo".
 
Depois  cada estação: "Salvador do mundo, salvai-nos, vós que nos libertastes pela cruz e ressurreição".
 
1ª estação: Jesus é julgado, acusado falsamente, caluniado, abandonado pelos seus amigos e injustamente condenado à morte.
 
Oração: Guardaste silêncio. Ó Jesus silencioso, ensina-me a calar e a guardar silêncio, inclusive no sofrimento!
 
2ª estação: Jesus carrega a cruz. Com grande amor a abraça. Nela, expiará nossos pecados. Ele pensa em nós e caminha rumo ao calvário.
 
Oração: Jesus, ensina-me a compreender tuas palavras: "Se alguém quiser me seguir, tome sua cruz e siga-me".
 
3ª estação: Jesus não aguenta mais, suas forças diminuem e Ele cai pela primeira vez.
 
Oração: Jesus, dá-me forças para levantar-me das minhas quedas. Anima meus desânimos.
 
4ª estação: Jesus encontra sua Mãe. A dor de ver sua Mãe sofrendo lhe abre mais feridas no coração. No entanto, ao mesmo tempo, ver o olhar amoroso de Maria o consola.
 
Oração: Maria, que vencendo todo respeito humano foste capaz de consolar teu Filho no caminho do calvário, ajuda-me a experimentar teu olhar nas minhas dificuldades e aflições.
 
5ª estação: O cireneu ajuda Jesus a carregar a cruz.
 
Oração: Jesus, assim como Simão te ajudou a carregar a cruz, ajuda-me nas minhas fraquezas e dificuldades.
 
6ª estação: O rosto desfigurado de Jesus comove o coração de uma mulher e, com um lenço, ela o enxuga cuidadosamente.
 
Oração: Jesus, grava tua imagem em meu coração, e que eu sempre me lembre dela.
 
7ª estação: Jesus, sob o peso da cruz, cai pela segunda vez.
 
Oração: Jesus, que não te cansem minhas constantes quedas!
 
8ª estação: O Senhor aceita a vã compaixão das filhas de Jerusalém.
 
Oração: Jesus, ajuda-me a aprender que carregar tua cruz é muito mais que todas as honras da terra.
 
9ª estação: Jesus cai pela terceira vez.
 
Oração: Jesus, que eu não perca a esperança quando experimentar a tua cruz na minha vida.
 
10ª estação: O Senhor é despojado das suas vestimentas.
 
Oração: Jesus, despojado de tudo, por amor a mim, ajuda-me a desprender-me, por amor a ti, de todas as criaturas, para que Tu sejas meu único tesouro.
 
11ª estação: Jesus é crucificado.
 
Oração: Jesus, que carregaste a cruz sem reclamar, concede-me jamais queixar-me por coisas inúteis, nem de ninguém, nem interiormente.
 
12ª estação: O Senhor morre na cruz.
 
Oração: Jesus, ajuda-me a aceitar de todo coração o tipo de morte que pensaste para mim, a aceitá-la com todas as suas angústias, penas e dores. Concede-me nesse momento unir-me à tua morte e oferecer a minha como consumação do meu caminho rumo a ti, aqui na terra.
 
13ª estação: O corpo de Jesus é tirado da cruz e recebido por Maria.
 
Oração: Jesus, que eu possa estar nos braços de Maria nos momentos mais difíceis da minha vida, e experimentar a proteção amorosa da tua santa Mãe.
 
14ª estação: Jesus é depositado no sepulcro.
 
Oração: Maria, minha Mãe, assim como João te fez companhia como um filho após a morte de Jesus, que eu possa sempre estar contigo, com os mesmos sentimentos do discípulo amado de Jesus.
 
Oração final
 
Senhor, que a meditação das tuas dores e sofrimentos destrua minha soberba, suavize meu coração e o prepare para receber teu inesgotável amor e perdão. Que, consciente das minhas quedas e defeitos, em meio às minhas penas e trabalhos, eu te busque sempre e que, contemplando teu coração aberto e ferido por amor a mim, eu possa mergulhar nele como uma gota de água, e me perca para sempre na imensidão da tua misericórdia. Amém. 

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

O livro "Nossa Senhora das Lágrimas" (de Campinas, 1930)


                                         
     

O livro "Nossa Senhora das Lágrimas", Edições Rainha Vitoriosa do Mundo, 2012, p. 114 pp. – conforme imagem de capa, acima –, é uma seleção a partir da edição em húngaro, conforme publicado na Hungria, do livro original "Glórias e Poder de Nossa Senhora das Lágrimas", Editora SFES, 1934, de autoria das Missionárias de Jesus Crucificado (MJC), e prefaciado por Dom Francisco de Campos Barreto. 

Este livro original, "Glórias e Poder de Nossa Senhora das Lágrimas" – como se vê pela consulta abaixo ("print screen") – pertenceria à Biblioteca da Academia Marial do Santuário de Aparecida, todavia encontra-se extraviado desde tempo indeterminado.




Para todos aqueles que quiserem conhecer melhor as mensagens da referida devoção, que é belíssima e, em seu conteúdo místico, totalmente conforme a verdadeira e sã doutrina e teologia católica apostólica romana, segue link para leitura online do referido livro: 


Aos que se disporem a apreciar as belas mensagens contidas no livro "Nossa Senhora das Lágrimas" (preservadas de se perderem por conta do extravio do original), será possível constatar o quanto essa singela, mas riquíssima devoção, é conforme ao "Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem", de São Luís Maria Grignion de Montfort, bem como manifesta toda sã doutrina pontifícia acerca da veneração a Maria como Medianeira de Todas as Graças Divinas. Eis um livro que vale muito a pena ter, ou dar de presente, pelas orações e pela riquíssima teologia mística, Marial, que ele contêm.



Pedidos do livro "Nossa Senhora das Lágrimas" podem ser feitos:

1. à Sra. Maria Almay, Caixa Postal 198, São Carlos, São Paulo, Brasil. CEP: 13560-970 (Fone: 16-3368-5295);

2. por meio deste discipulado, pelo email: nslagrimas.campinas1930@gmail.com



Paróquia Nossa Senhora das Lágrimas de Campinas

A Paróquia oficialmente dedicada a Nossa Senhora das Lágrimas de Campinas fica em São José do Rio Preto, cidade do interior de São Paulo. Maiores informações podem ser obtidas no site institucional da Paróquia, no seguinte link:


http://www.nslagrimas.iparoquia.com




terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Proposta deste Blog

        
  

Este blog é mantido por iniciativa e trabalho de família leiga, católica apostólica romana, e em perfeita comunhão com o Santo Padre, o Papa Francisco e a Santa Igreja de Cristo. De todo nosso coração católico, divulgamos essa riquíssima devoção a Nossa Senhora das Lágrimas e a Jesus Manietado (Campinas, 1930), apoiando-nos seguramente nas novas disposições do Código de Direito Canônico (15-11-1966), quando Sua Santidade, o Papa, atual Beato Paulo VI, decretou (ASS, v. 58, p. 1156) que todos os escritos sobre revelações privadas (aparições, visões, locuções interiores, milagres, profecias etc.), podem ser publicados e lidos pelos fiéis, sem licença prévia e expressa das autoridades eclesiásticas, contanto que guardem a reta fé católica apostólica romana.

                                             
                (Imagem original de Nossa Senhora das Lágrimas de Campinas, década de 30)

Nossa família tem recebido grandes graças por meio da devoção à essa titularidade Nossa Senhora das Lágrimas que tão magnanimamente expressa a Dor da Paixão de Jesus, todavia, não obstante também são a máxima expressão da Alegria Pascal, a Eterna e Gloriosíssima Vitória de Jesus Cristo Rei do Umiverso (como bem disse São João Paulo II no Santuário de Siracusa, Itália, em 06 de fev. 1994). 

A titularidade de Nossa Senhora das Lágrimas é o imã infalível da Imensa Misericórdia de Deus para com os pobres pecadores – sobretudo àqueles que, arrependidos, desesperados, aflitos, recorrem a Jesus por Maria, pelas Santas Lágrimas da Medianeira de Todas as Graças de Deus. 

Ave, Teotokos! Ave, Gratia Plena!




Santuário de Nossa Senhora das Lágrimas em Campinas, SP

Santuário de Nossa Senhora das Lágrimas de Campinas, como ficou mais conhecido, trata-se da capela particular (não aberta aos fiéis) do Pensionato das Instituto das Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado – "Casa Mãe" –, situado na cidade de Campinas, município de São Paulo, Brasil, onde ocorreram as visões, aparições e locuções interiores de Nossa Senhora das Lágrimas e Jesus Manietado (sobretudo durante as horas santas de adoração ao Santíssimo Sacramento) à Rvma. Irmã Amália de Jesus Flagelado (Amália Aguirre), vidente estigmatizada, no início da década de 30.

A capela, apesar de ser particular da Congregação Religiosa, é local muito sagrado e deve ser honrado como tal, ou seja, trata-se de um Santuário de Aparição da Mãe de Deus escolhido pelo Céu. Assim, o local deve ser respeitado como propriedade particular da Congregação (em estudo de Tombamento em nível municipal), mas também deve ser muito venerado e honrado como local sagrado, onde verdadeiramente ocorreram revelações místicas da Santíssima Virgem e de Nosso Senhor Jesus Cristo à uma alma consagrada. Veneremos o lugar onde se deu a manifestação divina da Mãe de Deus e de Seu Divino Filho, ainda que somente em nossos corações, por meio de orações e reparações – enquanto não for possível aos fiéis devotos visitar o local adequadamente.

A Capela particular da Congregação das Missionárias de Jesus Crucificado está localizada na Rua Benjamim Constant, 1344, esquina com a Rua Luzitana, 1331 – Centro, Campinas, SP.








Reparação pelos pecados contra a Santíssima Virgem Mãe de Deus e Nossa

                                   


São muitas as maneiras de se reparar os pecados cometidos pelo mundo contra o Coração Imaculado de Maria Santíssima, em suas cinco formas, quais sejam: 

1. Os pecados contra Sua Maternidade Divina;
2. Os pecados contra a Sua Maternidade universal como Santíssima Mãe da humanidade;
3. Os pecados cometidos contra Sua Perpétua Virgindade – antes, durante e depois do parto Diviníssimo de Nosso Senhor Jesus Cristo;
4. Os pecados cometidos por aqueles que, sendo hereges ou apóstatas, pregam contra a Virgem Santíssima, escandalizando e afastando os fiéis e, sobretudo, as crianças e pequeninos humildes dessa Clementíssima Sempre Virgem e Imaculada Mãe Celeste;
5. Os pecados cometidos contra as Santas Imagens da Mãe de Deus.

Eis uma das maneiras mais seguras de reparação, agradáveis a Deus, pois revelada pela própria Nossa Senhora do Rosário, à Rvma. Irmã Lúcia, Carmelita:

Comunhão Reparado nos cinco primeiros sábados do mês


A "Medalha das Lágrimas"

A medalha de Nossa Senhora das Lágrimas, revelada em 08 de novembro de 1930, realizou numerosas conversões pelo mundo. Houve mais notícias ainda de intervenções singulares e até curas milagrosas, graças à recitação do terço de Nossa Senhora das Lágrimas com a Medalha. 


                               


Esta Medalha é oval, e foi cunhada em diversos países da Europa e nos EUA. Na frente a Medalha traz a Imagem de Nossa Senhora das Lágrimas e em volta de sua Belíssima Imagem a Jaculatória " Ó VIRGEM DOLOROSÍSSIMA, AS VOSSAS LÁGRIMAS DERRUBAM O IMPÉRIO INFERNAL." 

Do outro lado há a Imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo Manietado (amarrado, acorrentado), que se refere à Primeira Estação da Via Sacra, e a Jaculatória " POR VOSSA MANSIDÃO DIVINA, Ó JESUS MANIETADO SALVAE O MUNDO DO ERRO QUE O AMEAÇA."


Revelações a Santa Brigida sobre as Dores de Maria Santíssima

                     


Em revelação particular à Santa Brígida, devidamente aprovada pela Igreja, Nossa Senhora prometeu 7 graças para quem, cada dia, rezar 7 Ave-Marias em honra das suas Santas Dores e Lágrimas: 

1. A Paz nas famílias; 
2. A iluminacao sobre os Divinos Mistérios; 
3. Consolação nas penas e acompanhamento nas aflições; 
4. Todos os pedidos concedidos, contanto que não se oponham à SS. Vontade de Deus e à santificação das almas; 
5. Defesa nos combates espirituais contra o inimigo infernal e proteção em todos os instantes da vida; 
6. Assistência visível no momento da morte (verão o rosto da Sua SS. Mãe); 
7. A transladação direta desta vida mortal à felicidade eterna, pois todos os pecados serão apagados (Meu Divino Filho e Eu seremos sua eterna consolação e alegria).

Como Nossa Senhora das Lágrimas (de Campinas, 1930) veio pedir à Irmã Amália Aguirre, meditemos muitas vezes nas Santas Dores de Maria, Mãe de Deus e Nossa, para que mais bem amemos a Jesus  Cristo, Nosso Senhor e Redentor, Verdadeiro Deus é Verdadeiro Homem, Crucificado por causa dos pecados do homem.

                             
                                               (Mosaccio, A crucifixão, 1426)


quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Meditação do Pe. Ascanio Brandão

"Mãe das Lágrimas!", Meditação para o dia de Nossa Senhora das Dores (15 de Setembro). Beviário da Confiança: Setembro, do Pe. Ascanio Brandão. São Paulo: Officinas Graphicas Ave Maria, 1936, p. 278.

                                                    
       

"Diz o canto litúrgico que aos pés da Cruz estava a Mãe Dolorosa. Lágrimas bemditas de Maria! Lágrimas redemptoras, que, com o sangue de Jesus, nos livram da culpa é nos abriram as portas do Céo! Quanto é bella a suave invocação de Nossa Senhora das Dores! Consola saber que Jesus e Maria choraram como choramos nós, pobres mortaes, neste mundo exilados. Hoje nos convida a Santa Egreja a honrar as Dores de Maria, Mãe querida, aos pés da Cruz, lacrimosa. Jesus soffreu no corpo, e Maria no coração. Enquanto das feridas abertas do Redemptor corria o sangue que nos remiu, dos angustiosos olhos de Maria jorravam lágrimas, sangue do coração, essas pérolas riquíssimas e preciosas que nos foram dadas como penhor de salvação eterna. Sangue de Jesus e Lágrimas de Maria, sois nosso thesouro, nossa vida, nossa redempção! Digamos as jaculatórias que são mais caras a Nossa Senhora: '– Jesus, ouvi nossas preces! Pelas Lágrimas de Vossa Mãe Santíssima!' Que nos poderá negar o mais Santo e Amoroso dos Filhos quando lhe apresentamos a nossa súplica, invocando o que há de mais precioso e santo, as lágrimas de Sua Mãe Maria Santíssima? Quando nos fizer chorar a vida triste, amarga e penosa, olhemos para o Céo ou, melhor, dirijamo-nos ao Calvário e aos pés de Jesus Crucificado, digamos, cheios de amor, desabafando o coração: 'Vêde, Jesus, que são as Lágrimas Daquella que mais Vos amou na terra e mais Vos ama no Céo! Sangue de Jesus, lavai-nos da culpa! Lágrimas de Maria, alcançai-nos perdão e misericórdia!"


Link para o livro:


Adoração e reverência ao SS. Sacramento

Nossa Senhora das Lágrimas de Campinas, rogai por nós!

Benditas Lágrimas de Maria, máxima expressão da Páscoa de Cristo, lavai nossa cegueira, curai a todos nós de nossa falta de amor ao Sangue Preciosíssimo de Jesus!

(Adoração do Cordeiro Místico, Jan Van Eyck, 1432)

A liturgia da Santa Missa – na qual o Santíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo verdadeiramente é transubstanciado e Se faz em presença real, sob as espécies consagradas do Pão e do Vinho –, também tem um corpo e uma alma. 

corpo da sagrada liturgia são as normas, devidamente respeitadas. 
A alma é comunicada pelo próprio Espírito Santo que acompanha e vivifica toda a Santa Igreja de Cristo. 

Na Santa Missa, em a cada momento de nossas vidas, enquanto membros da Igreja que somos, nossos corações devem estar unidos a ambos, sem rejeitar nenhum pois ambos são divinos: a sagrada liturgia, dada por Deus, e o próprio Santo Espírito que É Deus mesmo, e que a tudo coordena, anima e fundamenta.

Rejeitar conscientemente a sagrada liturgia, fazer pouco caso dela como se fosse violável ou negociável é ceder à heresias plantadas pelas teologias liberais, ou mesmo abrir as portas à apostasia, profanando assim o Espírito Santo, Dom Divino do próprio Deus que se doa a Si mesmo na Santa Missa, e que a anima, a acompanha, a alimenta.

Cuidemos, pois, para amar cada vez mais sem medidas a Santa Missa, zelando por Nosso Deus que Se faz presente a Si mesmo nos Sacrários de toda a terra. Ele que está verdadeiramente presente – substancialmente presente! –,verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, tão real como está no Céu, na Glória, ao lado de Deus Pai e na unidade do Espírito Santo. 

Maria Santíssima, Nossa Senhora das Dores e das Lágrimas, Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, inseparável Mãe de Deus, está sempre junto ao Seu Divino Filho Jesus. 
Peçamos a Ela, que é também Nossa Mãe desde as Palavras de Jesus Crucificado – "Eis aí Tua Mãe" – a graça de sermos cada vez mais verdadeiros adoradores de Jesus Sacramentado, no Santo Altar e em todos os Sacrários da terra.

(Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento e São Julião Eymard)



Segue abaixo uma pequena compilação de textos pontifícios, documentos do Vaticano e demais escritos sobre teologia litúrgica e a retidão que devemos ter, por regra da Santa Igreja, à sagrada liturgia e, sobretudo, ao Santíssimo Sacramento.

1. Explicação da Santíssima Eucaristia no Código de Direito Canônico

Augustíssimo sacramento é a SS. Eucaristia, na qual se contém, se oferece e se recebe o próprio Cristo Senhor e pela qual continuamente vive e cresce a Igreja. O Sacrifício eucarístico, memorial da morte e ressurreição do Senhor, em que se perpetua pelos séculos o Sacrifício da cruz, é o ápice e a fonte de todo o culto e da vida cristã, por ele é significada e se realiza a unidade do povo de Deus, e se completa a construção do Corpo de Cristo. Os outros sacramentos e todas as obras de apostolado da Igreja se  relacionam intimamente com a SS. Eucaristia e a Ela se ordenam. (...) A celebração da Eucaristia é ação do próprio Cristo e da Igreja, na qual, pelo mistério do sacerdote, o Cristo Senhor, presente sob as espécies [validamente consagradas] de pão e de vinho, se oferece a Deus Pai  e se dá como alimento espiritual aos fiéis unidos à sua oblação (Código de Direito Canônico, Cânones 897 e 899, § 1º).  


2. Preparações, ação de graças e adoração 

Ninguém deve aproximar-se da mesa do Pão do Senhor, senão depois de ter estado presente à mesa da sua Palavra (Inaestimabile Donum, n. 1)

Quem está consciente de pecado grave não celebre a missa nem comungue o Corpo do Senhor, sem fazer antes a confissão sacramental, a não ser que exista causa grave e não haja oportunidade para se confessar; nesse caso, porém, lembre-se que é obrigado a fazer um ato de contrição perfeita, que inclui o propósito de se confessar quanto antes (Código de Direito Canônico, Cânon 916)

Quem vai receber a sagrada Eucaristia abstenha-se de qualquer comida ou bebida , excetuando-se somente água e remédio, no espaço de ao menos uma hora antes da sagrada comunhão (exceção  para pessoas idosas e enfermas e quem cuida delas, §3) (Código de Direito Canônico, Cânon 919, § 1º).

Recomenda-se aos fiéis que não se descuidem, depois da Comunhão, de uma justa e indispensável ação de graças, quer na própria celebração – com uns momentos de silêncio e um  hino, ou um salmo, ou ainda um outro cântico de louvor – quer terminada a celebração, permanecendo possivelmente em oração durante um conveniente espaço de tempo (Inaestimabile Donum, n. 17).

Diante do Santíssimo Sacramento , fechado no sacrário ou quando está publicamente exposto, mantenha-se a veneranda praxe de se ajoelhar, em sinal de adoração. (Rituale Romanum, De sacra… , n. 84). Tal ato se lhe exige que lhe dê uma alma. Para que o coração se incline diante de Deus, em profunda reverência, a genuflexão  não seja apressada nem desajeitada (Inaestimabile Donum, n. 26).

Tenhamos a consciência de Quem estamos recebendo, o próprio Deus que se fez Carne! Cresçamos na condição de discípulos do Senhor, com o compromisso de adora-lO a todo momento, levando-O aonde formos, como sacrários vivos.



3. Celebração e distribuição da Sagrada Comunhão 

Os fiéis, sejam eles religiosos ou leigos, que estão autorizados como ministros extraordinários da Eucaristia podem distribuir a Comunhão apenas quando não há sacerdotes, diáconos ou acólitos, quando o sacerdote está impedido por motivo de doença ou idade avançada, ou quando o número de fiéis indo receber a Comunhão é tão grande que tornaria a celebração da Missa excessivamente longa. Por conseguinte, uma atitude repreensível é aquela dos sacerdotes que, embora presentes na celebração, recusam-se a distribuir a Comunhão, deixando essa tarefa aos leigos (Inestimabile Donum, n. 10)

A Comunhão Eucarística é um dom do Senhor, que é dado aos fiéis por intermédio do ministro [o sacerdote ordenado] deputado para isso. Não se admite que os fiéis tomem eles próprios o pão consagrado e o cálice sagrado, e muito menos se admite que os fiéis os passem uns aos outros (Inaestimabile Donum, n. 9).

Na celebração eucarística, não é lícito aos diáconos e leigos proferir as orações, especialmente a oração eucarística, ou executar as ações próprias do sacerdote celebrante (Código de Direito Canônico, Cânon 907).

É proibido aos sacerdotes católicos concelebrar a Eucaristia junto com sacerdotes  ou ministros de Igrejas ou comunidades que não estão em plena comunhão com a Igreja Católica (pastores protestantes, por exemplo) (Código de Direito Canônico, Cânon 908).

A ninguém é licito conservar a Eucaristia na própria casa ou levá-la consigo em viagens, a não ser urgindo uma necessidade pastoral e observando-se as prescrições do Bispo diocesano (Código de Direito Canônico, n. 935)



4. Restaurar, quanto possível, a comunhão de joelhos ou com reverência profunda e sempre na boca (depositada sobre a língua): Adoração diante da SS. Eucaristia!

(São Pio de Pietrelcina administrando a Sagrada Comunhão)


“Ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos abismos” (Filipenses 2, 10).

Quanto ao modo de se apresentar à Comunhão, esta pode ser recebida pelos fiéis tanto de joelhos como de pé, de acordo com as normas estabelecidas pela Conferência Episcopal. (...) quando os fiéis receberem a Comunhão de pé, ao aproximarem-se do altar em procissão, façam um ato de reverência antes  de receber o sacramento, no local e de modo adaptado, contanto que não se perturbe o ritmo no suceder-se dos fiéis. O "Amém" que os fiéis dizem, quando recebem a Comunhão, é um ato de fé pessoal na presença de Cristo (Inaestimabile Donum, n. 11).

“Os fiéis comungam de joelhos ou em pé, segundo estabeleça a conferência dos bispos, com a confirmação da Sé Apostólica”. (...) “Assim, não é lícito negar a Sagrada Comunhão a um fiel, por exemplo, só pelo fato de ele querer receber a Eucaristia ajoelhado ou de pé” (Redemptoris Sacramentum”, n. 90 e 91).

(...) “quando comungam de pé, recomenda-se fazer, antes de receber o sacramento, a devida reverência”. É um gesto simples, mas muito significativo, pois expressa devidamente que a pessoa é consciente de estar diante do Senhor, presente no pão eucarístico (Instrução Geral do Missal Romano, n. 160).

(...) a Eucaristia, pão transubstanciado em Corpo de Cristo e o vinho em Sangue de Cristo, Deus entre nós, é para ser acolhido com deslumbramento, reverência e uma imensa atitude de humilde adoração. O Papa Bento XVI ... esclarece que “receber a Eucaristia significa colocar-se em atitude de adoração d'Aquele que comungamos. ... somente na adoração pode maturar um acolhimento profundo e verdadeiro."(Sacramentum Caritatis, n. 66).

(Santa Madre Teresa de Calcutá recebendo a Sagrada Comunhão na boca e de joelhos)


Entrevista do Cardeal Antonio Cañizares Llovera, Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos no Vaticano, à ACI/EWTN, em 27 Jul. 2011: (...) é recomendável que os católicos comunguem na boca e de joelhos.” A resposta do Cardeal foi breve e singela. O Cardeal disse também que comungar desta forma "é o sinal de adoração que necessitamos recuperar. Eu acredito que seja necessário para toda a Igreja que a comunhão se faça de joelhos". 



5. A polêmica "Comunhão na mão": Por que não é recomendável comungar na mão?

Antes de mais, convém deixar bem claro que o Concílio Vaticano II NUNCA – repete-se: NUNCA – sequer aventou a administração ou recepção da Sagrada Comunhão de outro modo que não fosse sob a língua (e de joelhos, para aqueles que o podem fazer, evidentemente, não tendo nenhuma limitação física). Lança-se mesmo aqui um desafio: procurar nos documentos do Concílio onde estaria instaurada essa "nova forma de comungar". A resposta segue adiantada: NÃO HÁ EM LUGAR ALGUM DE NENHUM DOCUMENTO DO SANTO CONCÍLIO VATICANO II!".

Eis um recente documento do Vaticano que é esclarecedor:


 
O Santo Concílio conclama a todos nós a sermos santos, e pede que os fiéis leigos participem mais ativamente da Igreja. Mas isso não nos dás direito de estrapolar nossas próprias funções – a chamada clerização. Nem dá direito aos sacerdotes ao grande equívoco da laicização. Não podemos esquecer da dignidade de nosso sacerdócio real, todavia, é somente o sacerdote o Ministro, aquele que oferta o Corpo Santíssimo de Cristo. SOMENTE O SACERDOTE TEM AS MÃOS CONSAGRADAS, e isso nenhuma teologia litúrgica liberal pode mudar, ainda que impiamente o queira. As mãos de nenhum fiel leigo ou religioso são consagradas, portanto são indignas de segurar o Santíssimo Sacramento. 

(O Santo Padre, o Papa Francisco, administrando a Sagrada Comunhão na boca à fiel de joelhos)

Comungar na mão também implica algum risco de profanação, pois existe o perigo de que haja partículas da Hóstia na mão ou nos dedos; e não é seguramente higiênico, as mãos provavelmente estarão sujas — ainda que imperceptivelmente a olhos nus (contato com o volante do carro, transporte público, objetos diversos na rua, dinheiro na hora do ofertório, aperto de mão no rito da paz etc.)

Todos os documentos pontifícios, inclusive os do Concílio Vaticano II, recomendam a comunhão na boça (sobre a língua) e, se possível, de joelhos. Quem comungar dessa maneira dará muito bom exemplo nos lugares onde não é comum comungar dessa forma.
 
Se este direito lhe for negado pelo sacerdote, deve-se mesmo exigi-lo. As demonstrações externas de amor a Jesus na SS. Eucaristia são belas e muito caras à Santa Mãe Igreja. Cada um tire suas próprias conclusões: Santa Margarida Maria Alacoque, contou que Jesus lhe disse: “Entristeço-me com a frieza e menosprezo que têm para comigo neste Sacramento de Amor". A outros santos e santas, Jesus revelou que lhe entristecia ver as pessoas comungando como se estivessem pegando um pedaço qualquer de pão.

Malcolm Ranjith, Secretário da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos:
"Agora eu penso que é o momento ideal para se rever e reavaliar tão boas práticas e, se necessário, abandonar a prática corrente que não foi exigida nem pela Sacrosanctum Concilium (Concílio Vaticano II) nem pelos Padres da Igreja, mas foi apenas aceita depois de sua introdução ilegítima em algum países. Agora, mais do que nunca, nós temos a obrigação de ajudar os fiéis em desenvolver novamente uma fé profunda na Presença Real de Cristo nas espécies Eucarísticas a fim de que se fortaleça a vida da Igreja e a defenda em meio ás perigosas distorções da fé que esta situação continua causando. (...) As razões para esta mudança não devem ser tão acadêmicas, mas pastoral-espirituais assim como litúrgicas — em resumo, o que melhor edifica a fé. Neste sentido Monsenhor Schneider apresenta uma coragem louvável por ter sido capaz de apreender o verdadeiro significado das palavras de São Paulo: “que isto se faça de modo a edificar.” (1 Cor 14, 26).

Como se instaurou esse erro que surgiu da desobediência localizada, acabou se disseminando e foi "tolerado", mas nunca desejado pela Santa Igreja:

1) Os bispos do mundo eram, na sua esmagadora maioria, contra a Comunhão na mão.
2) “Esta maneira de distribuir a Sagrada Comunhão (isto é, o sacerdote colocar a Hóstia na língua dos comungantes) deve ser observada.”
3) A Comunhão na língua não diminui, de forma alguma, a dignidade do comungante.
4) E acrescenta o aviso de que “qualquer inovação pode levar à irreverência e à profanação da Eucaristia, assim como à erosão gradual da recta doutrina.”
5) O documento afirma ainda que “o Sumo Pontífice decretou que a maneira tradicional de dar a Sagrada Comunhão aos Fiéis não devia ser mudada. Por conseguinte, a Sé Apostólica insta veementemente os bispos, sacerdotes e povo a que observem zelosamente esta lei.” Memoriale Domini (1969)

"Podemos perguntar, então: se esta Instrução foi promulgada, por que razão é tão comum ver-se a Comunhão na mão? Podemos explicá-lo servindo-nos do caso da reacção dos bispos canadianos à Humanae Vitae – Encíclica que reafirmava, com toda a verdade, a doutrina da Igreja sobre a contracepção. Como houve, logo que a Humanae Vitae saiu, uma escandalosa vaga de oposição, por parte tanto de padres católicos como de intelectuais, os bispos canadianos escreveram uma carta pastoral apoiando a teoria expressa na Humanae Vitae, mas usando nesse documento a curiosa expressão “normas para dissensão lícita”.
Ora esta frase dá a impressão de que podia haver uma base para os Católicos rejeitarem legitimamente a Humanae Vitae. Assim, quer tivessem consciência disso quer não, os bispos sabotaram a sua própria carta pastoral, dando ao mesmo tempo luz vermelha e luz verde à rejeição da Encíclica Papal. Por isso não foi surpresa alguma quando grande número de Católicos rejeitou a Humanae Vitae com base na solução de compromisso dos bispos canadianos. Até os pais mais incultos têm a inteligência de não dar aos filhos a opção de aceitar ou de rejeitar as ordens paternas. Fazê-lo seria sinal evidente de falta de autoridade. Pois bem: infelizmente, foi precisamente isso o que aconteceu com o documento de 1969 – a Encíclica Memoriale Domine – que supostamente era contra a Comunhão na mão.
Mas estava-se na era do compromisso, e o documento continha a semente da sua própria destruição: logo de seguida, a Instrução dizia que, onde o abuso já se tivesse estabelecido firmemente, poderia ser legalizado por maioria de dois terços numa votação secreta da conferência nacional dos bispos (desde que a Santa Sé confirmasse a sua decisão). Isto operou logo a favor dos liberais. E note-se que a Instrução dizia “onde tal abuso já se tivesse estabelecido firmemente”. Portanto, os países onde a prática ainda não se tivesse desenvolvido ficaram, obviamente, excluídos dessa concessão — e nessa categoria estavam incluídos todos os países de língua inglesa, inclusive os Estados Unidos.
Como era natural, o clero liberal de outros países (do nosso também – EUA) concluiu que, se esta rebelião podia ser legalizada na Holanda, podia ser legalizada em qualquer parte. Calcularam que, se ignorassem o Memoriale Domine e desafiassem a lei litúrgica da Igreja, essa rebelião não só seria tolerada como eventualmente legalizada. Foi exactamente isto o que aconteceu; e é por isso que hoje temos a Comunhão na mão.
Como se não bastasse a Comunhão na mão ter começado na desobediência, perpetuou-se através de dolo. Não dispomos de espaço para dar todos os pormenores; mas a propaganda que, na década de 1970, foi usada para apregoar a Comunhão na mão junto de um povo confiante e vulnerável foi uma campanha de meias-verdades calculadas que não contavam toda a história. 
Encontramos rapidamente um exemplo nos escritos de Monsenhor Champlin. Os seus escritos dão ao leitor a falsa impressão de que o Vaticano II deu ordem para o abuso, quando, na realidade, não é sequer mencionado em nenhum documento do Concílio; não dizem ao leitor que essa prática foi começada por alguns membros do clero em desafio à a lei litúrgica estabelecida, mas apresentam-na como se ela fosse a resposta a um pedido dos leigos; não dizem com clareza ao leitor que os bispos do mundo, quando consultados, votaram por esmagadora maioria contra a Comunhão na mão; não mencionam que essa autorização devia ser apenas uma tolerância do abuso onde ele já se tinha estabelecido em 1969. Não era, portanto, uma luz verde para tal abuso alastrar a outros países, como os Estados Unidos." (fatima.org)


6. A Comunhão sob as duas espécies:

(...) a concessão da Comunhão sob as duas espécies não seja indiscriminada; as celebrações sejam estabelecidas de maneira precisa; depois, os grupos que usufruem desta faculdade sejam bem determinados, disciplinados e homogêneos. Instrução Inaestimabile Donum, n. 12)

O sacrossanto Sacrifício Eucarístico deve ser oferecido com pão e vinho, e a este se deve misturar um pouco de água. O pão deve ser só de trigo e feito recentemente, de modo que não haja perigo algum de deterioração. O vinho deve ser natural, do fruto da videira e não deteriorado (Código de Direito Canônico, 924, §s 1º, 2º e 3º).

Distribua-se a sagrada comunhão só sob a espécie de pão (recomendado) ou, de acordo com as leis litúrgicas, sob ambas as espécies (...) (Código de Direito Canônico, 925).

Deve-se evitar todos os atos graves, sobretudo durante a administração da Eucaristia sob as duas espécies – quando há maior risco de se profanar as espécies consagradas não havendo o devido cuidado, uma vez que os protocolos dessa forma são muito mais refinados e exigentes (Redemptionis Sacramentum, n. 101 a 107).

Para que, no banquete eucarístico, a plenitude do sinal apareça ante os fiéis com maior clareza, são admitidos à Comunhão sob as duas espécies também os fiéis leigos, nos casos indicados nos livros litúrgicos, com a devida catequese prévia e no mesmo momento, sobre os princípios dogmáticos que nesta matéria estabeleceu o Concílio Ecumênico Tridentino" (Redemptionis Sacramentum, n. ...)

A forma sob as duas espécies, cuja plenitude do sinal do Sacrifício, incruento, mostra-se mais evidente – tem sido mais difundido entre os fiéis leigos por razões pastorais. Infelizmente, percebe-se que a oferta da Santíssima Eucaristia sob essa forma não tem sido acompanhada de um devido cuidado na catequese prévia de fiéis e ministros extraordinários da Sagrada Comunhão, o que mais bem garantiria a correta administração próprias à essa forma de Comunhão (Redempitionis Sacramentum, n. 173).

"O sacerdote pega depois na patena ou na píxide e aproxima-se dos comungantes, que habitualmente se aproximam em procissão. Não é permitido que os próprios fiéis tomem, por si mesmos, o pão consagrado nem o cálice sagrado, e menos ainda que o passem entre si, de mão em mão" (Instrução Geral do Missal Romano, n. 160).

"Para se utilizar esta forma [sob as duas espécies e por intinção (mergulho da Sagrada Hóstia), usam-se hóstias que não sejam nem demasiadamente delgadas nem demasiadamente pequenas e o comungante receba do sacerdote o sacramento, somente na boca."; (...) "Não se permita ao comungante molhar por si mesmo a hóstia no cálice, nem receber na mão a hóstia molhada" (Redemptionis Sacramentum, n. 103 e 104).



Do livro do exorcista Gabriele Amorth, "Confissões do inferno":

"(A) - Nós trabalhamos durante muito tempo, lá em baixo (aponta p/ baixo) até conseguirmos que a Comunhão na mão fosse posta em prática. A Comunhão na mão é muito boa para nós, no inferno; acreditai!
 
(E) - Nós te ordenamos, em Nome (...) que digas somente o eu o Céu te ordena! Diz só a verdade, a verdade total. Tu não tens o direito de mentir. Sai desse corpo! Vai-te!
(A) - ELA (aponta p/ cima) quer que eu diga...
 
(E) - Diz a verdade, em Nome (...).
(A) - ELA quer que eu diga... que se ELA, a grande SENHORA, ainda vivesse, receberia a Comunhão na boca, mas de joelhos, e haveria de se inclinar profundamente assim (mostra como procederia a Santíssima Virgem).
 
(E) - Em Nome da Santíssima Virgem (...) diz a verdade!
(A) - Tenho que dizer que não se deve receber a Comunhão na mão. O próprio Papa dá a Comunhão na boca. Não é da sua vontade que se dê a Comunhão na mão. Isso vem dos seus Cardeais.
 
         (E) - Em Nome (...) diz a verdade!
         (A) - Deles passou aos Bispos, e depois os Bispos pensaram que era matéria de obediência, que deviam obedecer aos Cardeais. Daí, a idéia passou aos Sacerdotes e também eles pensaram que tinham de se submeter, porque a obediência se escreve com maiúsculas.
 
         (E) - Diz a verdade. Tu não tens o direito de mentir em Nome (...).
         (A) - Não se é obrigado a obedecer aos maus. É ao Papa, a JESUS CRISTO e à Santíssima Virgem que é preciso obedecer. A comunhão na mão não é de modo algum querida por DEUS.
 
         (E) - Continua a dizer a verdade, em Nome (...)
         (A) - Os jovens devem habituar-se a fazer peregrinações. Devem voltar-se, cada vez mais, para a Santíssima Virgem; não devem bani-LA. Devem... devem reconhecer a Santíssima Virgem, e não viver segundo o espírito dos “inovadores”. Não devem aceitar absolutamente nada deles (grita, cheio de fúria). Eles é que são bobos. A esses já os temos, já os temos bem seguros.
 
         (E) - Continua, diz a verdade, em Nome (...)
         (A) - Os jovens, atualmente, crêem que realizam coisas maravilhosas, quando fazem algumas obras caritativas, e se reúnem uns com os outros; mas isso não é nada. É preciso que os jovens façam sacrifícios, que adquiram espírito de renuncia; é preciso que rezem. Devem freqüentar os Sacramentos, devem freqüentá-Los ao menos uma vez por mês. Mas a oração e o sofrimento são também importantes. Antes de tudo isto, tenho ainda que dizer ...
 
         (E) - Continua a dizer a verdade, em Nome (...), diz o que a Santíssima Virgem te ordena!
         (A) -... Antes disto tenho que dizer que o mundo de hoje, mesmo o mundo católico, esqueceu por completo esta verdade: é preciso sofrer pelos outros. Caiu no esquecimento que todos vós formais o Corpo Místico de CRISTO, e que deveis todos sofrer uns pelos outros (chora como um miserável e geme como um cão). CRISTO não realizou tudo na Cruz. Abriu-vos as Portas do Céu, mas os homens devem reparar uns pelos outros. As seitas dizem que CRISTO fez tudo, mas isso não corresponde à verdade. A Paixão de CRISTO continua. Em SEU Nome, ela continuará até o fim do mundo (resmunga)." (...)
"         (E) - Continua em Nome (...).
         (A) - O modernismo é falso. É preciso virar as costas ao modernismo. É obra nossa, vem do inferno. Mesmo os Sacerdotes que difundem o modernismo, nem sequer estão de acordo entre si. Ninguém está de acordo. Só este sinal vos deveria bastar."
(...)
E) – Tens ainda alguma coisa a acrescentar, em Nome (...). Fala, e intimamos-te a dizer a verdade!
(A) – Na época em que atravessais não se deve obedecer a Bispos modernistas.  Viveis na época que CRISTO se referiu, dizendo: “Surgirão muito falsos cristos e falsos profetas” (Mc. 13,22). São eles os falsos profetas*! Já não se pode acreditar neles; em breve já ninguém os poderá acreditar, porque ele... Porque eles... Aceitaram excessivas novidades. Nós estamos neles, nós os de lá de baixo (aponta para baixo), é que os incitamos. Muito tempo passamos em deliberações, para ver como destruir a MISSA Católica.
 
Já Catarina Emmerich, há mais de cem anos, dizia: Foi em Roma... “Numa visão ela viu Roma, o Vaticano. Viu o Vaticano rodeado por um fosso profundíssimo, e do outro lado do fosso estavam os descrentes. No centro de Roma, no Vaticano, encontravam-se os católicos. Estes atiravam para esse fosso profundo os seus altares, as suas imagens, as suas relíquias, quase tudo, até o fosso ficar quase cheio. Essa situação, esses tempos, viveis agora (grita com voz medonha). Então quando o fosso ficou cheio, os membros das outras religiões puderam realmente atravessá-lo. Atravessaram-no, olharam para dentro do Vaticano, e viram como os católicos de hoje, a Missa moderna, pouco tinha para lhes oferecer. Abanaram a cabeça, voltaram as costas e foram-se". E muitos entre vós, católicos, são suficientemente estúpidos para ir ao encontro deles. Mas eles não dão um passo na vossa direção. Quero ainda acrescentar mais alguma coisa ..."
(...)
"(E) – É coreto fazer o Sinal da Cruz trinta e três vezes, durante a SANTA MISSA? Diz a verdade, em Nome (...).
(A) – Não é só correto, como também obrigatório. É que assim nós não conseguiríamos ficar, pois seríamos obrigados a fugir da Igreja. Mas, assim, ficamos.
Deveria também restabelecer-se a cerimônia da aspersão. A aspersão com água benta obriga-nos a fugir; e o mesmo se passa com o incenso.  Era também preciso voltar a queimar-se incenso. Era bom que depois da SANTA MISSA se recitasse a oração de São Miguel Arcanjo, três Ave-marias e a Salve Rainha."
(...)

(Lembramos aos irmãos que essa adjetivação de falsidade em relação a nossos Bispos [como também aos Cardeais], refere-se apenas e unicamente para aqueles que apostataram da verdadeira doutrina herdada dos santos Papas e santos Doutores, ao aderirem ao modernismo desenfreado que aí está. Inclusive em franca desobediência ao Papa Bento XVI que rejeita essas atitudes modernistas, não só dos eclesiásticos, como também dos leigos. Como ficou bem claro, o modernismo é obra do inferno. Um dia todas as almas terão essa certeza, porém para muitas será tarde demais.


"As cinco chagas da Liturgia", Monsenhor Athanasius Scheneider:
 
Para falar correctamente da nova evangelização, é indispensável lançar primeiro o nosso olhar sobre Aquele que é o verdadeiro Evangelizador, isto é, Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, o Verbo de Deus feito Homem.
 
O Filho de Deus veio a esta Terra para espiar e resgatar o maior pecado, o pecado por excelência. E este pecado, por excelência, da humanidade consiste na sua rejeição de adorar a Deus, na sua rejeição de Lhe reservar o primeiro lugar, o lugar de honra. Este pecado dos homens consiste no facto de se não prestar já atenção a Deus, no facto de se não ter já o verdadeiro sentido das coisas, isto é, nos pormenores ou pontos de vista que elevam ou nobilitam Deus e a adoração que Lhe é devida, no facto de se não querer já ver Deus, no facto de se não querer já ajoelhar diante d’Ele.
 
Perante uma tal atitude, a Incarnação de Deus é incômoda ou embaraçosa, como embaraçosa é também, por conseqüência, a presença real de Jesus no mistério Eucarístico, e embaraçosa é também a centralidade da presença Eucarística de Deus nas igrejas. Com efeito, o homem pecador quer pôr-se no centro, tanto no interior da igreja como na celebração Eucarística: quer ser visto, quer ser notado. E é esta a razão pela qual Jesus Eucaristia, Deus Incarnado, presente no Sacrário sob a forma eucarística, se prefere colocar de lado. A própria representação do Crucificado, na Cruz, ao centro do altar, na celebração virada para o povo é embaraçosa, porque então, o rosto do sacerdote passaria a ficar ocultado. Por conseguinte, a imagem do Crucificado, no centro, tal como Jesus Eucaristia, no Sacrário, igualmente no centro, são embaraçosos ou incômodos.
 
E deste modo, a Cruz e o Sacrário são pura e simplesmente postos de lado. Durante o Ofício, os assistentes devem poder ver ou observar permanentemente o rosto do sacerdote e este tem todo o prazer em se colocar literalmente no centro da Casa de Deus. E se por acaso Jesus Eucaristia é mantido no seu Sacrário, no centro do altar, porque o Ministério dos Monumentos Nacionais, mesmo sob um regime ateu, proibiu, por razões de simples conservação do patrimônio artístico, deslocá-Lo, o sacerdote, muitas vezes, ao longo de toda a celebração litúrgica, volta-Lhe às costas sem escrúpulo algum.
 
JESUS NO CENTRO
 
Quantas vezes, maravilhados, os fiéis adoradores de Cristo, na sua simplicidade e humildade se terão visto a clamar: “Abençoados sejais vós, os Monumentos Nacionais! Vós mesmos, pelo menos, nos tereis deixado Jesus no centro da nossa igreja.”
 
Só a partir da adoração e da glorificação de Deus e dá Igreja se poderá anunciar, de uma forma adequada, a Palavra da Verdade, isto é, evangelizar. Antes que o mundo ouvisse Jesus, o Verbo eterno feito carne, pregar e anunciar o Reino, Jesus calou-se e adorou durante trinta anos. E isso mesmo fica sendo para sempre a lei da vida e acção da Igreja, assim como a de todos os evangelizadores.
 
“É na forma de tratar a liturgia que se decide a sorte da fé e da Igreja”, afirmou o Cardeal Ratzinger, nosso actual Santo Padre, o Papa Bento XVI. O Concílio Vaticano II, quis lembrar a Igreja que realidade e acção deveriam tomar o primeiro lugar na sua vida. E foi justamente para isso que o primeiro documento conciliar foi consagrado à Liturgia. A respeito disso, o Concílio dá-nos os seguintes princípios:
 
Na Igreja, e por conseguinte na Liturgia, o humano se deve ordenar ao divino, o visível ao invisível, a acção à contemplação e o presente à Cidade futura a que todos nós aspiramos (cf. Sacrosanctum Concilium, n. 2).
 
Por isso, tudo, na Liturgia da Santa Missa, deve servir para que se exprima da mais nítida forma, a realidade do Sacrifício de Cristo, isto é, as orações de adoração, de acção de graças, de expiação, de petição, que o Eterno Sumo Sacerdote apresentou a Seu Pai.
 
UM CÍRCULO ABERTO
 
O rito e todos os pormenores ou detalhes do Santo Sacrifício da Missa devem estar orientados no sentido da glorificação e da adoração de Deus, insistindo-se, sobretudo, na centralidade da Presença de Cristo, quer no sinal e na representação do Crucificado, quer na Presença Eucarística no Sacrário, e sobretudo, no momento da Consagração e da Sagrada Comunhão. Quanto mais isto mesmo for respeitado, tanto menos o homem se coloca no centro da celebração, tanto menos a celebração se assemelha a um círculo fechado, mas sim pelo contrário está aberto, mesmo de uma forma exterior, para Cristo, como numa verdadeira procissão que se dirige para Ele, com o sacerdote à cabeça; e quanto mais uma celebração litúrgica reflectir, de uma forma verdadeira, o sacrifício de adoração de Cristo na cruz, tanto mais ricos serão os frutos que os participantes irão receber na sua alma, que vêm da glorificação de Deus, tanto mais o próprio Deus os honrará.
 
Quanto mais o sacerdote e os fiéis procurarem em verdade, nas celebrações Eucarísticas, a glória de Deus e não a glória dos homens, e não procurarem receber a glória uns dos outros, tanto mais Deus os honrará, deixando, então, que a sua alma participe, de uma forma bem mais intensa e mais fértil, na glória e na honra de Sua vida divina.
 
Na hora actual e em diversos lugares da Terra, muitas são as celebrações da Santa Missa, em que se poderia dizer a seu respeito as palavras seguintes, invertendo deste modo as palavras do Salmo 113 B, versículo 1: “A nós, ó Senhor, e a nosso nome, dai glória” e por outro lado, o propósito de tais celebrações se aplicam as palavras de Jesus: “Como podeis acreditar, vós que tirais a glória uns dos outros e não buscais a glória que vem de Deus?” (Jo. 5, 44). O Concílio Vaticano II emitiu, a respeito de uma reforma litúrgica, os princípios seguintes:
 
1 – O humano, o temporal, a actividade devem, durante a celebração litúrgica, orientar-se pelo divino, pelo eterno, pela contemplação, e ter um papel subordinado, relativamente a estes últimos (cf. Sacrosanctum Concilium, n. 21).
 
2 – Durante a celebração litúrgica, dever-se-á encorajar ou estimular a tomada de consciência de que a liturgia terrestre participa da liturgia celeste (cf. Sacrosanctum Concilium, n. 8).  
 
3 - Não deve haver nela absolutamente nenhuma inovação e, por conseguinte, nenhuma criação nova de ritos litúrgicos, sobretudo no rito da Missa, a não ser que seja para um proveito verdadeiro e certo a favor da Igreja e sob a condição de que se proceda com prudência e de que eventualmente formas novas substituam formas já existentes de maneira orgânica (cf. Sacrosanctum Concilium, n. 23).
 
4 – Os ritos da Missa devem ser de tal forma, que o sagrado seja expresso mais explicitamente (cf. Sacrosanctum Concilium, n. 21) .
 
5 – O latim deve ser conservado na liturgia, e sobretudo na Santa Missa (cf. Sacrosanctum Concilium, n.os 36 e 54).
 
6 – O canto gregoriano tem o primeiro lugar na liturgia (cf. Sacrosanctum Concilium, n. 116).
 
Os Padres conciliares viam as suas propostas de reforma como a continuação da reforma de São Pio X (cf. Sacrosanctum Concilium, n. os 112 e 117) e do servo de Deus Pio XII, e com efeito, na constituição litúrgica, é a encíclica Mediator Dei do Papa Pio XII que mais é citada.
 
O Papa Pio XII deixou à Igreja, entre outros, um princípio importante da doutrina sobre a santa liturgia, isto é, a condenação daquilo que se chama o arqueologismo litúrgico, cujas propostas coincidiam largamente com as do sínodo jansenista e protestantizante de Pistóia, de 1786 (cf. Mediator Dei, n. os 63 e 64). E que de facto lembra os pensamentos teológicos de Martinho Lutero.

BANQUETE
 
Eis porque já o Concílio de Trento condenou as idéias litúrgicas protestantes, notavelmente a acentuação exagerada da noção de banquete na celebração Eucarística em detrimento do carácter sacrificial, a supressão dos sinais unívocos de sacralidade como expressão do mistério da liturgia (cf. Concílio de Trento, seção XXII).
 
As declarações litúrgicas doutrinais do magistério, como neste caso do Concílio de Trento e da Encíclica Mediator Dei, que se reflectem numa práxis litúrgica secular, isto é, de mais de um milênio, constante e universal, estas declarações, por conseguinte, fazem parte deste elemento da santa Tradição que se não pode abandonar, sem correr graves riscos no plano espiritual.
 
Estas declarações doutrinais sobre a liturgia, retomou-as o Vaticano II, como se pode constatar ao ler os princípios do culto divino na constituição litúrgica Sacrosanctum Concilium.
 
Como erro concreto no pensamento e agir do arqueologismo litúrgico, o Papa Pio XII cita a proposta feita de dar ao altar a forma de uma mesa (cf. Mediator Dei, n. 62). Se já o Papa Pio XII recusava o altar com uma forma de mesa, imagine-se como ele teria a fortiori, com maior força de razão rejeitado a proposta de uma celebração como ao redor de uma mesa “versus populum” (virada para o povo)!
 
Se o Sacrosanctum Concilium ensina no n. 2 que, na liturgia, a contemplação deve ter a prioridade e que toda a celebração da Santa Missa deve ser orientada para os mistérios celestes (cf. itens n. os 2 e 8), nele se encontra um eco fiel da seguinte declaração do Concílio de Trento que dizia:
 
“uma vez que a natureza do homem está feita de tal modo, que se não deixa facilmente erguer para a contemplação das coisas divinas sem ajudas exteriores, a Mãe Igreja, na sua benevolência, introduziu ritos preciosos; e recorreu, apoiando-se no ensinamento apostólico e na tradição, as cerimônias tais como bênçãos cheias de mistérios, velas ou círios, incenso, vestes litúrgicas e muitas outras coisas; tudo isso deveria incitar os espíritos dos fiéis, graças a sinais visíveis da religião e da piedade, à contemplação das coisas sublimes.” (Sessão XXII, cap. 5)
 
Os ensinamentos citados do magistério da Igreja, e sobretudo o da Mediator Dei , foram sem dúvida alguma reconhecidos pelos Padres conciliares como plenamente válidos; por conseguinte, eles mesmos devem continuar hoje ainda a ser plenamente válidos para todos os filhos da Igreja.
 
Na sua carta dirigida a todos os bispos da Igreja católica, que Bento XVI juntou ao motu próprio Summorum Pontificum de 7 de julho de 2007, o Papa faz esta declaração importante: “Na história da liturgia, há crescimento e progresso, mas não ruptura. Aquilo que foi sagrado para as gerações passadas, deve permanecer sagrado e grande para nós.” 
 
Dizendo isto, o Papa exprime o princípio fundamental da liturgia que o Concílio de Trento, o Papa Pio XII e o Concílio Vaticano II ensinaram.

PRINCÍPIOS NÃO SEGUIDOS   
 
Se olharmos agora, sem preconceitos e de uma forma objectiva, para a prática litúrgica da esmagadora maioria das Igrejas em todo o mundo católico, em que a forma ordinária do rito romano está em uso, com toda a honestidade, ninguém poderá negar que os seis princípios litúrgicos mencionados pelo Concílio Vaticano II não são respeitados ou apenas o serão bem pouco; muito embora se declare, erroneamente, que essa prática da liturgia foi sonhada pelo Vaticano II.
 
Há um certo número de aspectos concretos, na prática dominante actual, no rito ordinário que representam uma verdadeira ruptura ou contradição com uma prática litúrgica constante, desde há mais de um milênio. Trata-se dos seguintes usos litúrgicos, que bem se poderão designar como sendo AS CINCO CHAGAS DO CORPO MÍSTICO LITÚRGICO DE CRISTO.
 
Trata-se de chagas, porque elas representam uma violenta ruptura com o passado; porque na realidade elas põem um bem menor acento no carácter sacrificial, que entretanto é extraordinariamente belo e que é justamente o carácter central e essencial da Santa Missa, e sublinham acima de tudo a idéia de banquete. E tudo isso diminui os sinais exteriores da adoração divina, porque põem em muito menor relevo o carácter do mistério, naquilo que ele tem de celeste e eterno.
 
Quanto às cinco chagas, trata-se daquelas que, com excepção de uma delas (as novas orações do ofertório), não estão previstas na forma ordinária do rito da Santa Missa, mas foram INTRODUZIDAS PELA PRÁTICA DE UM MODO BEM DEPLORÁVEL.
 
1 – A primeira chaga e a mais evidente é a celebração do Santo Sacrifício da Missa, em que o sacerdote celebra virado para os fiéis, particularmente na Oração Eucarística e na Consagração, o momento mais alto e o mais sagrado da adoração que é devida a Deus. Esta forma ou posição exterior corresponde mais, pela sua natureza, à forma de que se faz uso no momento em que se partilha uma refeição. Estamos, pois, na presença de um círculo fechado. Ora, esta forma, não está de modo algum conforme com o momento da oração, e muito menos ainda com o da adoração. Esta forma, de modo algum foi sequer sonhada ou desejada e jamais foi recomendada pelo magistério dos Papas postconciliares. O Papa Bento XVI escreve, no seu prefácio ao primeiro tomo das suas obras completas:
 
“A idéia de que o sacerdote e a assembléia devem estar a olhar-se no momento da oração nasceu entre os modernos e é absolutamente estranha à cristandade tradicional. O sacerdote e a assembléia não se dirigem mutuamente uma oração, mas é ao Senhor que ambos se dirigem, eis porque, na oração, eles mesmos devem olhar na mesma direcção: ou para o Oriente, como sendo esta direção o símbolo cósmico do regresso do Senhor, ou então, onde isto não seja possível, para uma imagem de Cristo situada na ábside, para uma cruz ou muito simplesmente para o alto.”  
                         
VIRADOS PARA O SENHOR
 
A forma da celebração em que todos dirigem o seu olhar para a mesma direcção (conversi ad orientem, ad Crucem, ad Dominum – virados para o Oriente, para a Cruz, para o Senhor) é até mesmo evocada pelas rubricas do novo rito da Missa (cf. Ordo Missae, n. 25, nn 133 e 134). A celebração que se chama “versus populum” (virado para o povo) não corresponde evidentemente à dieia da santa liturgia, tal como ela é mencionada nas declarações do documento do Vaticano II (Sacrosanctum Concilium n. 2 e 8).
 
2 – A segunda chaga é a comunhão na mão, espalhada praticamente em toda a parte, no mundo.
 
A segunda chaga é a comunhão na mão, espalhada praticamente em toda a parte, no mundo. Não só esta forma de receber a comunhão não foi evocada ou citada de modo algum pelos Padres conciliares do Vaticano II, mas também é tristemente introduzida por um certo número de bispos em claríssima desobediência à Santa Sé, e no desprezo do voto negativo, em 1968, da maioria do corpo episcopal (1).  Só depois o Papa Paulo VI a legitimou sob condições particulares, e bem contra a sua própria vontade.
 
O Papa Bento XVI, depois da festa do Santíssimo Sacramento de 2008, não mais distribuiu a Comunhão senão a fiéis de joelhos e na língua, exigindo sempre a chamada “mesa da comunhão”, e não apenas em Roma, mas também em todas as igrejas locais que visita. Com esta atitude, ele mesmo dá a toda a Igreja, um claro exemplo do magistério prático em matéria litúrgica. Se a maioria qualificada do corpo episcopal, três anos depois do Concílio, rejeitou ou recusou a Comunhão na mão, como algo de nocivo ou prejudicial, quanto mais os Padres conciliares o teriam igualmente feito!
 
– Em Portugal, e soubemo-lo directamente do próprio Arcebispo Primaz, D. Francisco Maria da Silva, infelizmente, esta determinação veio de uma simples votação feita pela própria Conferência Episcopal reunida em Fátima. Venceu a maioria, mas o próprio Arcebispo de Braga de então exigiu que na Acta da reunião se declarasse: “O Arcebispo de Braga não assina esta decisão.” Ainda hoje recordamos o próprio lugar do Santuário do Sameiro em que o Sr. D. Francisco Maria da Silva no-lo declarou pessoalmente, ao dizer-nos qual a sua opinião sobre a Comunhão na mão. E reconhecemos aliás que, já nesse tempo, a opinião do Arcebispo de Braga, D. Francisco Maria da Silva, estava plenamente de acordo com a decisão do Papa de hoje, Bento XVI.

3 – A terceira Chaga são as novas orações do Ofertório.
 
Elas são uma criação inteiramente nova e jamais foram usadas na Igreja. Estas orações exprimem muito menos a evocação do mistério do Sacrifício da Cruz, que a de um banquete, que lembra as orações da refeição sabática dos Judeus. Na tradição mais que milenária da Igreja, tanto do Oriente como do Ocidente, as orações do Ofertório tem sempre sido orientadas expressamente no sentido do mistério do Sacrifício da Cruz (cf. p. ex. Paul Tirot, História das orações do ofertório, na liturgia romana, do século VII ao século XVI, Roma, C.L.V., 1985).
 
Uma tal criação absolutamente nova está sem dúvida alguma em contradição com a formulação bem clara do Vaticano II que lembra: “Finalmente, não se introduzam inovações, a não ser que uma utilidade autêntica e certa da Igreja o exija, e com a preocupação de que as novas formas como que surjam a partir das já existentes” (Sacrosanctum Concilium, n. 23).
 
4 – A quarta chaga é o desaparecimento total do latim e do canto gregoriano, na imensa maioria das celebrações Eucarísticas de forma ordinária, na totalidade dos países católicos.
 
Está nisso uma infracção directa contra as decisões do Vaticano II.  
 
5 – A quinta Chaga é o exercício dos serviços litúrgicos de Leitor e de Acólito por mulheres, assim como o exercício destes mesmos serviços em hábito civil, penetrando assim no coro durante a Santa Missa, vindos directamente do espaço reservado aos fiéis.
 
Este costume jamais existiu na Igreja ou, pelo menos, nunca foi bem-vindo. Um tal costume confere à celebração da Santa Missa católica o carácter exterior de algo informal, o carácter e o estilo de uma assembléia, mais profana que religiosa. O segundo concílio de Niceia já proibia, em 787, tais práticas, editando este cânone: “Se alguém não está ordenado, não lhe é permitido fazer a leitura do ambão, durante a santa liturgia.” (can 14)
 
Esta norma foi constantemente respeitada na Igreja. Só o subdiáconos ou os leitores tinham o direito de fazer a leitura durante e liturgia da Missa. Em substituição do subdiáconos e leitores ou acólitos que viessem a faltar, só homens ou jovens moços de hábitos litúrgicos as poderiam fazer, e não mulheres, uma vez reconhecido que o sexo masculino, no plano da ordenação não sacramental dos leitores e acólitos representa simbolicamente a última ligação com as ordens menores.
 
Nos textos do Vaticano II, não é feita de modo algum qualquer menção da supressão das ordens menores e do subdiaconado, nem da introdução de novos ministérios. Na Sacrosanctum Concilium n.28, o Concílio faz a diferença entre minister e fidelis durante a celebração litúrgica e estipula ou determina que um e outro tenham direito de não fazer senão aquilo que lhes compete segundo a natureza da liturgia. O n. 29 menciona os “ministrantes”, isto é, os servos do altar que não receberam nenhuma ordenação. Em oposição a esses “ministrantes”, haveria, segundo os termos jurídicos da época, os “ministros”, isto é, aqueles que receberam uma ordem, quer maior, quer menor.

UM APELO A UM ESPÍRITO MAIS SAGRADO
 
Pelo motu próprio “Summorum Pontificum”, o Papa Bento XVI estipula ou determina que as duas formas de rito romano são de considerar e de tratar com o mesmo respeito, porque a Igreja continua a ser a mesma antes e depois do Concílio. Na carta que acompanhou o motu próprio, o Papa deseja que as duas formas se enriqueçam mutuamente. Além disso, deseja que na nova forma “se verifique, mais do que tem acontecido até ao presente, o sentido do sagrado, que acaba por atrair muitíssimas pessoas para o rito antigo.”
 
As quatro chagas litúrgicas ou infelizes práticas (celebração virada para o povo (versus populum), comunhão na mão, abandono total do latim e do canto gregoriano e intervenção das mulheres no serviço da leitura e no de acólitos), não tem em si mesmas nada a ver com a forma ordinária da missa e estão ainda mais em contradição com os princípios litúrgicos do Vaticano II. Se se pusesse termo a estas práticas, voltaríamos ao verdadeiro ensinamento litúrgico do Vaticano II. E nesse momento, as duas formas do rito romano se viriam então a aproximar muitíssimo, de forma que, pelo menos exteriormente, em nada teríamos que reconhecer ruptura alguma entre essas duas formas e, por esse motivo, não haveria ruptura alguma entre a Igreja antes do Concílio e a Igreja depois do mesmo Concílio.
 
Naquilo que se relaciona com as novas orações do Ofertório, seria desejável que a Santa Sé a substituísse pelas orações correspondentes da forma extraordinária ou, pelo menos, que permitisse a sua utilização ad libtum. E deste modo, seria evitada a ruptura entre as duas formas, não apenas exteriormente, mas também interiormente.
 
A ruptura na liturgia é justamente aquilo que a maioria dos Padres conciliares jamais quis; e testemunham-no muitíssimo bem as Actas do Concílio, porque nos dois mil anos de história da Liturgia na Santa Igreja, jamais houve ruptura litúrgica e, por conseguinte, jamais a deve haver agora. Pelo contrário, deve haver nela uma continuidade, como convém que o seja para o próprio magistério. As cinco chagas no corpo litúrgico da Igreja aqui evocadas ou indicadas reclamam ou exigem uma verdadeira cura. Elas mesmas representam uma ruptura semelhante à do exílio de Avinhão.
 
A situação de uma tão nítida ruptura numa expressão da vida da Igreja, que está bem longe de ser sem importância (outrora, a ausência dos papas da cidade de Roma; hoje, a ruptura visível entre a liturgia de antes e de depois do Concílio), e, por conseguinte, esta situação exige cura.
 
Eis porque se tem hoje necessidade de novos santos, de uma ou de mais Santas Catarinas de Sena (2). Tem-se necessidade da “Vox populi fidelis” (voz do povo fiel) a reclamar a supressão ou desaparecimento desta ruptura litúrgica. Mas o trágico da história é que hoje, como outrora, no tempo do exílio de Avinhão, uma grande maioria do clero, sobretudo do alto clero, se satisfaz com este exílio, com esta ruptura. Antes que se possam esperar frutos eficazes e duradoiros da nova evangelização, é necessário primeiro que se instaure no interior da Igreja um processo de verdadeira conversão. Como poderemos nós chamar ou convidar os outros a converter-se enquanto entre aqueles que fazem este mesmo convite se não realizou ainda nenhuma conversão convincente para Deus, porque, na liturgia, eles mesmos se não viraram suficientemente para Deus, tanto interior como exteriormente? Celebra-se o Santo Sacrifício de Cristo, o maior mistério da fé, o acto de adoração mais sublime, num círculo fechado, olhando-se uns para os outros.
(2) Santa Catarina de Sena foi célebre nas suas famosas e bem determinantes cartas enviadas ao Papa, nesse tempo a viver em Avinhão e não em Roma, declarando-lhe o seu indiscutível dever de viver em Roma e não em Avinhão. Graças a Deus, a biblioteca desta nossa Fraternidade tem a oportunidade de possuir e conhecer muito bem estas famosas cartas e variados escritos espirituais de S. Catarina de Sena. (n.d.t.p.)

CONVERSÃO PARA DEUS “CONVERSIO AD DOMINUM”
 
Falta a “Conversio ad Dominum” necessária, mesmo exteriormente, fisicamente. Uma vez que durante a liturgia se trata Cristo como se não fosse Deus, e que se lhe não manifestam sinais exteriores claros de uma adoração devida só a Deus, pelo facto de os fiéis receberem a Sagrada Comunhão de pé e, mais ainda, tomarem a Hóstia Consagrada nas suas mãos, como se tratasse de um ordinário alimento, agarrando-o com os dedos e metendo-o eles mesmos na boca. Há nisto o perigo de uma espécie de arianismo ou de um semiarianismo eucarístico. Uma das condições necessárias de uma frutuosa nova evangelização seria o testemunho seguido por toda a Igreja no plano de culto litúrgico público, que observasse pelo menos estes dois aspectos de culto divino, isto é:
 
1 – Que em toda a terra, a Santa Missa fosse celebrada mesmo na forma ordinária, com a “Conversio ad Dominum” interiormente e também de um modo necessário exteriormente. Virados para Deus e não para o povo (versus Deum e não versus populum).
 
2 - E que os fiéis dobrassem o joelho diante de Cristo, no momento da Sagrada Comunhão, como o próprio São Paulo o pede, ao invocar o Nome e a Pessoa de Cristo (Fil. 2, 10); e que os mesmos fiéis O recebessem com o maior amor e o maior respeito possível, como aliás Lhe convém, como verdadeiro Deus que é. Deus seja louvado pelo Papa Bento XVI, que encetou ou iniciou, com duas medidas concretas, o processo do regresso do exílio avinhonês litúrgico (exílio litúrgico de Avinhão), isto é, pelo motu próprio Summorum Pontificum  e pela reintrodução do rito da comunhão tradicional (de joelhos e na boca).
 
Há ainda necessidade de muitas orações e talvez de uma nova Catarina de Sena, a fim de que se realizem todos os outros passos, de forma a curar as cinco chagas do Corpo Litúrgico e Místico da Igreja e que Deus seja venerado na liturgia com esse amor, com esse respeito, com esse sentido do sublime, que foram sempre as características da Igreja e do seu Ensinamento, notavelmente através do Concílio de Trento, do Papa Pio XII, na sua encíclica Mediator Dei, do Concílio Vaticano II, na sua constituição Sacrosanctum Concilium e do Papa Bento XVI, na sua teologia da Liturgia, no seu magistério litúrgico prático e no motu próprio já citado.
 
Ninguém poderá evangelizar, se não tiver primeiro adorado, e mesmo se não adorar permanentemente e não der a Deus, a Cristo Eucaristia, a verdadeira prioridade, na forma de celebrar e em toda a sua vida. Com efeito, para retomar as palavras do próprio Cardeal Joseph Ratzinger: “É na forma de tratar a liturgia que se decide a sorte ou destino da fé e da Igreja.
 
 Mons. Athanasius SCHNEIDER
15 de janeiro de 2012
(em “L’Homme Nouveau”, n° 1511 de 11.2.2012)



Outras considerações sobre a Liturgia e a adoração devida a Jesus Sacramentado (Verdadeiro Deus, Verdadeiro Homem; verdadeiramente presente no Santíssimo Sacramento):

Porque a abolição da Missa Tradicional lembra-nos da profecia de Daniel 8,12: “E foi-lhe dado poder contra o sacrifício perpétuo por causa dos pecados do povo” e a observação de Santo Afonso de Ligório que sendo a Missa a melhor e mais bela coisa que existe na Igreja aqui na terra, o diabo sempre se esforçou através de hereges de privar-nos dela.

Em uma entrevista bastante profunda acerca dos aspectos místicos da Santa Missa, perguntaram a São Padre Pio sobre como devemos assisti-la, e ele logo respondeu: "Como estivéssemos assistindo ao Sacrifício de Cristo na Cruz, da mesma forma que Maria e o discípulo amado assistiram ao sofrimento e agonia de Jesus na Cruz".

Dizia Santa Terezinha: "Se eu ver um Anjo e um padre em minha frente, eu me ajoelharei aos pés do padre, pois ele pode me dar o Cristo, o Anjo não." São citações como estas que muitos tomam como sentido figurado. Mas é inegável, o padre é um Cristo em nossa frente, não importa o padre, seja ele o mais pecador ou o mais santo, todos possuem as mãos ungidas, todos eles conseguem com algumas poucas palavras tornar presente o Filho de Deus nas espécies do pão e do vinho. Seja no Céu, no Purgatório ou até mesmo no Inferno, o padre jamais deixará de ser padre. 

Santa Catarina de Sena costumava dizer: "O chão do Inferno é pavimentado com crânios de padres". E em outra ocasião ela dizia que "ela viu no Inferno multidões estolas, mitras e tiaras". 

Será que a responsabilidade dos sacerdotes diminuiu por causa dos "tempos modernos"? 

Todos eles merecem respeito apenas pela autoridade que lhes foi concedida, pois JAMAIS, nem no Céu, Purgatório ou Inferno, nem nos fins dos tempos, o Padre deixará de ser Padre.

O Papa João Paulo II, na encíclica Ecclesia de Eucharistia, manifestou seu desgosto pelos abusos litúrgicos que acontecem frequentemente, particularmente na celebração da Santa Missa, já que a "Eucaristia é um dom demasiado grande para suportar ambiguidades e diminuições" [4]. Ele acrescentou:

"Temos a lamentar, infelizmente, que sobretudo a partir dos anos da reforma litúrgica pós-conciliar, por um ambíguo sentido de criatividade e adaptação, não faltaram abusos, que foram motivo de sofrimento para muitos. Uma certa reacção contra o «formalismo» levou alguns, especialmente em determinadas regiões, a considerarem não obrigatórias as «formas» escolhidas pela grande tradição litúrgica da Igreja e do seu magistério e a introduzirem inovações não autorizadas e muitas vezes completamente impróprias. Por isso, sinto o dever de fazer um veemente apelo para que as normas litúrgicas sejam observadas, com grande fidelidade, na celebração eucarística. Constituem uma expressão concreta da autêntica eclesialidade da Eucaristia; tal é o seu sentido mais profundo. A liturgia nunca é propriedade privada de alguém, nem do celebrante, nem da comunidade onde são celebrados os santos mistérios." [5].

Cân. 907 – Na celebração eucarística, não é lícito aos diáconos e leigos proferir as orações, especialmente a oração eucarística, ou executar as ações próprias do sacerdote.” (Código de Direito Canônico)

Por sua vez, uma instrução da Cúria Romana explicita o assunto, ao disciplinar: “Está reservado ao sacerdote, em virtude de sua ordenação, proclamar a Oração Eucarística, a qual por sua própria natureza é o ponto alto de toda a celebração. É, portanto, um abuso que algumas partes da Oração Eucarística sejam ditas pelo diácono, por um ministro subordinado ou pelos fiéis. Por outro lado isso não significa que a assembléia permanece passiva e inerte. Ela se une ao sacerdote através do silêncio e demonstra a sua participação nos vários momentos de intervenção providenciados para o curso da Oração Eucarística: as respostas no diálogo Prefácio, o Sanctus, a aclamação depois da Consagração, e o Amém final depois do Per Ipsum.” (Sagrada Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Instrução Inestimabile Donum, 4)

“A proclamação da Oração Eucarística, que por sua natureza, é pois o cume de toda a celebração, é própria e exclusiva do sacerdote, em virtude de sua mesma ordenação. Por tanto, é um abuso fazer que algumas partes da Oração Eucarística sejam pronunciadas pelo diácono, por um ministro leigo, ou ainda por um só ou por todos os fiéis juntos. A Oração Eucarística, portanto, deve ser pronunciada em sua totalidade, tão somente pelo Sacerdote.” (Sagrada Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Instrução Redemptionis Sacramentum, 52)

A Oração Eucarística contém a Consagração, i.e., o próprio sacrifício, e também outras partes que, por sua essência, conferem os motivos pelos quais oferecemos o mesmo sacrifício. O que, por isso, não é ato sacrifical – a Consagração –, é ou a preparação para ele ou a explicitação das razões pelas quais oferecemos aquele. Portanto, como sacrifício ou parte essencialmente anexa, deve ser feita a Oração Eucarística pela pessoa investida na dignidade sacerdotal, dotada, pelo sacramento da Ordem, da virtude do sacerdócio de Cristo. Por conseguinte, os leigos não podem dizer nenhuma parte da Oração Eucarística, somente as respostas próprias que sejam prescritas pelo Missal. O celebrante que oferece aos leigos, ou a clérigos desprovidos da dignidade sacerdotal, que digam a Oração Eucarística, está ignorando sua posição no Corpo de Cristo, está desprezando o caráter sacrificador que foi impresso em sua alma quando do recebimento do sacramento da Ordem. Por mais que digam o contrário, há sim diferença entre o leigo e o padre, entre o sacerdócio hierárquico deste e o sacerdócio comum daquele, e diferença de essência, não apenas de grau.

A Oração Eucarística não pode ser interrompida, nem mesmo para explicações pretensamente catequéticas: a melhor catequese é a liturgia bem celebrada! “O Presidente (n.a.: da celebração) não intervenha durante a Oração Eucarística.” (Instrução Geral do Missal Romano, 31) Por isso, exclui-se também qualquer instrução no meio da Oração Eucarística, ainda que de poucas palavras.

A Missa é sacrifício, já sabemos. O ato próprio em que Cristo, a Vítima, é sacrificado, se dá na Consagração do pão e do vinho, que suas substâncias mudam-se no Seu Corpo e Sangue. Todavia, se a Consagração é o sacrifício em si, há um momento em que ele é oferecido ao Pai. Depois de sacrificar a vítima, devemos oferecê-la ao destinatário. Na Santa Missa, o oferecimento do sacrifício ao Pai ocorre quando o sacerdote diz o “Per Ipsum”, o “Por Cristo”. Pela letra do texto, vemos que se trata de um oferecimento mesmo do Cristo sacrificado durante a Consagração. Ora, tal oferecimento é ato propriamente sacerdotal, e, como tal, é feito por Jesus Cristo, único e Sumo-Sacerdote. E o modo como Jesus Sacerdote age na Missa é através dos que a Ele se unem pelo sacramento da Ordem, os padres, em virtude do qual passam esses últimos a desempenhar sua ação sacerdotal que brota de Cristo. Não há sentido nos leigos rezarem tal oração. É como se os leigos pudessem consagrar. Não se trata de simples proibição, ainda que também o seja, mas de uma afirmação da esterilidade dessa oração ser recitada por quem não goza do sacerdócio hierárquico da Igreja.

“O Per Ipsum (por Cristo, com Cristo, em Cristo) por si mesmo é reservado somente ao sacerdote. Este Amém final deveria ser enfatizado sendo feito cantado, desde que ele é o mais importante de toda a Missa.” (Sagrada Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Instrução Inestimabile Donum, 4)

“No fim da Oração Eucarística, o Sacerdote, tomando a patena com a hóstia e o cálice ou elevando ambos juntos, profere sozinho a doxologia ‘Por Cristo’. Ao término, o povo aclama ‘Amém’. Em seguida, o Sacerdote depõe a patena e o cálice sobre o corporal.” (Instrução Geral do Missal Romano, 151)

“A doxologia final da Oração Eucarística é proferida somente pelo Sacerdote celebrante principal, junto com os demais concelebrantes, não, porém, pelos fiéis.” (Instrução Geral do Missal Romano, 236)

Quanto a estender a mão para o altar, como que para se unir ao sacerdote, é outro ato que, além de não ser previsto pelas normas litúrgicas – o que mostra sua proibição tácita, segundo o costume de interpretação da liturgia –, demonstra-se estéril, desprovido de qualquer sentido. Unir-se ao sacerdote para que? Para oferecer também o sacrifício? Com que autoridade? A do Batismo, que confere aos fiéis um sacerdócio comum, não é suficiente, necessitando-se da autoridade do sacerdócio hierárquico conferido pela Ordem. Se não se pode falar a oração, tampouco fazer outro gesto com o mesmo objetivo.

O documento da Igreja que acompanha cada edição oficial do Missal em rito romano é claro ao explicar o modo de escolha da Oração Eucarística:

“A escolha entre as várias Orações eucarísticas, que se encontram no Ordinário da Missa, segue, oportunamente, as seguintes normas:

a) A Oração eucarística I, ou Cânon romano [é a única das orações eucarísticas inequivocamente católica, sem dar margem a interpretações protestantes] que sempre pode ser usada, é proclamada mais oportunamente, nos dias em que a Oração eucarística tem o Em comunhão próprio ou nas Missas enriquecidas com o Recebei, ó Pai, próprio, como também nas celebrações dos Apóstolos e dos Santos mencionados na mesma Oração; também nos domingos, a não ser que por motivos pastorais se prefira a Terceira Oração eucarística.

b) A oração eucarística II, por suas características particulares, é mais apropriadamente usada nos dias de semana ou em circunstâncias especiais. Embora tenha Prefácio próprio, pode igualmente ser usada com outros prefácios, sobretudo aqueles que de maneira sucinta  apresentem o mistério da salvação, por exemplo, os prefácios comuns. Quando se celebra a Missa por um fiel defunto, pode-se usar a fórmula própria proposta no respectivo lugar, a saber antes do Lembrai-vos também.

c) A Oração eucarística III pode ser dita com qualquer Prefácio. Dê-se preferência a ela nos domingos e festas. Se, contudo, esta Prece for usada nas Missas pelo fiéis defuntos, pode-se tomar a fórmula especial pelo falecido, no devido lugar, ou seja, após as palavras: Reuni em vós, Pai de misericórdia todos os vossos filhos e filhas dispersos pelo mundo inteiro.

d) A Oração eucarística IV possui um Prefácio imutável e apresenta um resumo mais completo da história da salvação. Pode ser usada quando a Missa não possui Prefácio próprio, bem como nos domingos do Tempo comum. Não se pode inserir nesta Oração, devido à sua estrutura, uma fórmula especial por um fiel defunto.” (Instrução Geral do Missal Romano, 365)

Além dessas preces universais, existem outras para circunstâncias especiais, compostas por diferentes conferências episcopais e aprovadas pela Santa Sé. Cada uma delas seja usada conforme a necessidade (v.g., para crianças, para celebrações que enfatizem a reconciliação etc).

Evite-se, por isso, cair no uso de apenas uma das orações, valorizando, sobretudo, o Cânon Romano, presente já na forma tradicional da Missa, dita tridentina, e preservada na reforma de Paulo VI.

Durante a Consagração, é obrigatório o silêncio! Infelizmente popularizou-se, especialmente por grupos de música ligados à espiritualidade da Renovação Carismática Católica, o costume de entoar cantos de louvor ao Santíssimo Sacramento após ou durante a Consagração. Isso está terminantemente proibido! Nem mesmo acompanhamento instrumental é permitido. É silêncio absoluto! Conferir Instrução Geral do Missal Romano, 32.




(Beato Fra Angelico, A Eucaristia, 1438-42)